sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

MAIS HUMILDADE

O que talvez pretendesse Flammarion - e é o que eu peço hoje aos meus confrades espíritas -, seria mais humildade ante os que duvidam. Não sejamos tão donos da verdade em nossas afirmações, nem tão intolerantes com as críticas a Kardec e sua pretensa autoridade da doutrina espírita baseada numa universalidade que não resiste a uma análise racional e imparcial.
Eu, por exemplo, sou espírita porque creio, não porque tenha certeza. Digo e repito que o Espiritismo é minha verdade provisória.
Kardec direcionou o espiritismo para uma religião (ou, ao menos, para uma “moral”, como exigem alguns), talvez porque tivesse consciência da fraqueza de nossas provas. Os fatos espíritas podem ser reproduzidos sob teorias ou técnicas que o negam. Apesar do Quevedo não ser um cientista e, sim, um religioso que usa a ciência para provar sua tese de que os milagres acontecem (“aconteciam dentre os judeus até o advento do Cristo; aconteciam dentre os cristãos até o advento do protestantismo; e, a partir de então, só acontecem no meio católico” – risível, não?), não podemos negar que ele reproduz quase todos os fenômenos espíritas servindo-se da mágica e da sugestão. A quase totalidade dos fatos espíritas são explicados também por outras teorias, incluindo as que tratam dos desvios e complexos inconscientes consequentes do processo de estruturação da personalidade. Como concluía Flammarion, não temos meios de comprovar cabalmente a identidade dos espíritos comunicantes. O fenômeno mais estonteante, capaz realmente de abalar as estruturas de certas teorias, é o fato Chico Xavier. Ninguém como ele reproduziu tantos estilos diferentes, produziu tantos livros, deu, enfim, tantas indicações precisas para um pesquisador atento. Foi um fenômeno sem precedente; sem reprodução na história; portanto, convenhamos, de difícil avaliação; o que ele torna evidente para nós, que cremos, é passível de outras interpretações por outros.
Seria ideal que grupos capazes investissem mais na comprovação da comunicação e da reencarnação e no aperfeiçoamento de métodos para identificação de espíritos.
Enquanto isso, nós todos, que cremos, continuemos buscando nossas experiências pessoais na exteriorização de nossa mente, na visão espiritual e no contato com os espíritos, através da leitura do Livro dos Médiuns (e demais literatura especcífica) e de exercícios programados, bem como, continuemos nos esforçando para a aplicação moral dos conhecimentos acumulados e na ampliação de nossa mundividência espírita.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ESPIRITISMO NO CARNAVAL

Os "espíritas ortodoxos" (ainda bem que só existem no orkut!) vão ter surtos de ira, rasgar as vestes e jogar cinzas sobre a cabeça ao lerem a notícia abaixo, no site da globo.com. E isso porque eles dizem que não são "religiosos"; apenas "ortodoxos"... (sic!)
Bem, o que fica evidente nesse fato é a modernidade e a descontração saudável das instituições que realmente representam o espiritismo. Enquanto outras agremiações religiosas impediram o Joãozionho Trinta de usar o cristo em andrajos, na avenida, num ato medieval de censura, as instituições espíritas não apenas aceitaram, como irão até colaborar.
Afinal, convenhamos, o carnaval é a festa de Deus, pois nele reina a alegria e a felicidade entre os seres humanos. Festa do diabo é o natal, quando todo mundo fica estressado, tenso, fazendo contas que nunca fecham na compulsão em comprar (dar presente é um ato nobre, mas se espontâneo e sem ferimentos), alguns pais desesperados chegando a roubar para cumprir a determinação da mídia...
Além do mais, ninguém é dono de Deus, de Jesus ou dos Espiritos.

RIO - Fugir do convencional para voltar ao Grupo Especial. Essa é a estratégia da Unidos do Viradouro para este carnaval, de acordo com o carnavalesco Jack Vasconcelos. E dentro dessa proposta, uma das apostas da vermelha e branca é um setor inteiro, no fim do desfile, dedicado ao espiritismo. No enredo "Quem sou eu sem você", Jack fará, no último carro, uma homenagem a Chico Xavier. O médium será representado por uma escultura em que aparecerá psicografando, cercada por 60 componentes, alguns deles espíritas, que farão uma performance de mediunidade.
- Nosso enredo é sobre a comunicação usada para unir as pessoas. No último setor, vamos mostrar o contato entre os diferentes planos, com o além. De forma carnavalesca, mas com muita responsabilidade. Tenho certeza de que será um momento emocionante - diz Jack, filho de mãe espírita.
Em termos plásticos, o setor será todo inspirado na estética do filme "Nosso Lar", de Wagner de Assis, baseado na obra de Chico Xavier. A última alegoria, inclusive, terá uma espécie de pirâmide, reproduzindo o Ministério da Comunicação do filme. O ator Renato Prieto, protagonista da produção, também participará do desfile. É ele que faz a ponte entre a agremiação e a Federação Espírita, para evitar que qualquer preceito do espiritismo seja desrespeitado na apresentação da vermelha e branca.