quarta-feira, 23 de junho de 2010

NOVAMENTE A IDENTIDADE CIENTÍFICA

Como eu disse abaixo, alguns argumentos que põem em dúvida o caráter científico do Espiritismo são dignos de atenção.
Na ciência, as pessoas elaboram hipóteses e desenvolvem experimentos para confirmá-las ou rejeitá-las. Se, ao invés de seguir tal procedimento, alguém opta por consultar um ou mais sábios - daqui ou do além - sobre as "verdades" do Universo, está fazendo religião. Ainda se pode alegar que seria válido um cientista interrogar sábios - daqui ou do além - para saber algo sobre o que se desconhece do Universo e, depois, efetuar experimentos para comprovar as informações recebidas. Mas, não é isso, em absoluto, o que acontece no Espiritismo. Interrogamos os sábios do além sobre assuntos da alçada da ciência (Kardec com Galileu; os brasileiros com Emmanuel e André Luis) e partimos para a pregação das respostas como verdades.
Talvez Kardec tenha afirmado que o Espiritismo era ciência porque estava equivocado, prisioneiro dos conceitos científicos do seu século; conceitos, por sua vez, contaminados pelo eurocentrismo, como se pode ver também nas abordagens raciais feitas por ele, pelos médiuns e seus espíritos (Vejam de novo a TAC: https://acrobat.com/#d=kUl6Vrvau2xCTJXzzKTYQA).
No seu aspecto fenomênico, na mediunidade, o Espiritismo teria uma chance de ser ciência. Isto, se os espíritas agissem como em uma ciência; ou seja, se continuassem os experimentos nessa área até a capitulação final, tal como a ciência capitulou em outras revoluções, contra outras certezas: o geocentrismo, a geração espontânea, a relatividade...

terça-feira, 15 de junho de 2010

INDIVÍDUO - SUBJETIVIDADE - CIÊNCIA - ESPIRITISMO

O monoteísmo representou a emersão do indivíduo.
Juntou, num Deus único e ideado, os elementos simbólicos esparsos nos diversos fenômenos naturais representados pela mente humana.
Foi o momento de auto-identificação do homem, como algo natural mas ao mesmo tempo saído da natureza, em condições de espreitá-la.
A filosofia grega (se isto não for pleonasmo) iniciou a postura que posteriormente Hegel entenderia como a de encarar a natureza mais como testemunha que mestra.
A história, como alquimista, depois de decompor o monoteísmo em três grandes visões do mundo (judaísmo, cristianismo e islamismo), juntou essas quatro mundividências (as três entre parênteses mais a grega), cozinhando-as em fogo brando por quinze séculos, e retirou do caldeirão a subjetividade que gerou a ciência como a conhecemos.
E o Espiritismo é um produto dessa ciência.
Agora, o cozido esfria, exigindo a atenção do aprendiz de feiticeiro.
E o subproduto, o Espiritismo, também...
A ciência exorciza seus mitos de uma natureza harmônica, simétrica, ordenada, lógica e coisa e tal, predispondo-se a assimilar a imperfeição.
E o Espiritismo, continuará insistindo em receber um lugar nessa velha jardineira queimando óleo? Ou assumirá sua vocação de desbravador de novas fronteiras, e começará a contribuir para a construção de uma ciência, ou uma mundividência, para os séculos vindouros?
Talvez o Espiritismo não seja um filho cativo da velha ciência que se esvai com a agonia da ordem e da perfeição. Talvez sejam apenas Kardec e, consequentemente, os kardecistas, escravos de uma era. Talvez Kardec seja apenas o fundador do Espiritismo e, dessa forma, insuperado se este for mais uma religião; mas, irremediavelmente superado se este for realmente ciência, como ele ousou sonhar.
A investida do Ministério Público Federal, da Bahia, (https://acrobat.com/#d=kUl6Vrvau2xCTJXzzKTYQA) evidenciou apenas uma das contaminações da literatura kardeciana pelos preconceitos (e mitos) da ciência do século XIX.