Mania de siglas. Ainda mais quando dá uma sonoridade destas!
Me lembra a história do Figueiredo, recém eleito, fazendo o cursinho de presidente, levam-no prá visitar eletrobrás, telebrás, petrobrás, e outras mais, e no final ele pergunta qual era aquela, a "emobrás"; ao que os assessores respondem: "não, presidente, aquela era a placa "em obras". Hoje até cairia bem como uma associação dos "emos".
Mas, vamos lá, "CUEE" nada mais é que o Controle Universal do Ensino dos Espíritos, um capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo, mais especificamente, a parte II da Introdução, Autoridade da Doutrina Espírita. Tema que frequentava assiduamente os programas de mocidades e dos centros que iniciavam a sistematização do estudo do espiritismo lá pelos idos dos anos 60, e que hoje a ortodoxia festiva tenta alçar a método de Kardec; sendo que ele é, na verdade, um dos itens do método de Kardec.
Aliás, o menos aplicável, hoje em dia, da forma como o fez Kardec.
Meados do século XIX, o espiritismo nascente, pouquíssimos grupos, ainda controlados, dirigidos e coordenados pelo seu fundador, era possível e relativamente fácil verificar um "controle universal". Logo após o desencarne de Kardec, a verificação da "universalidade" dos conceitos e princípios espíritas ficou precariamente a cargo dos "Congressos", tal como ele o sugerira. Mas, esses congressos existiram até a década de 30 do século XX, quando o espiritismo francês foi extinto e vicejou em todo o mundo uma nova espécie de espiritismo, fruto de uma mutação ocorrida em solo brasileiro no final do século XIX.
Hoje, temos um movimento espírita livre, anárquico, multifacetado, representado por inúmeros grupos, associados ou não. Qual desses grupos seria o responsável pelo "controle"? E como gerar consenso na formação de um grupo específico? Rien de rien! Hoje, cada espírita individualmente, munido das indicações metodológicas de Kardec, observa o universo das produções mediúnicas, e "controla" o que fará ou não parte de suas convicções.
A restauração do CUEE de forma radical é pretendida apenas por clérigos reencarnados que, em seus devaneios ortodoxos, imaginam-se controlando com mãos de ferro um sinédrio espírita ou um novo concilio de cardeais determinando o que é ou não espírita. Tal como já ocorreu no passado com o cristianismo: aquele "controle universal" exercido pelos apóstolos foi desintegrado pela força das cruéis perseguições romanas, e o cristianismo original foi extinto; vicejou, três séculos depois, o catolicismo controlador e autoritário, a bradar: "nós somos o CUEE do Cristo", sem ninguém se desculpando pela terrível cacofonia.
O Método de Kardec é mais amplo. Mais mesmo que o divisado pelo Herculano na Introdução que fez para a edição 1957 do Livro dos Espíritos.
Vamos abordá-lo em postagens próximas; logo após falarmos de uma tentativa frustrada de sistematização do estudo nas mocidades com um programa que se resumia em outra infeliz sigla: o PEDEM.
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