sexta-feira, 6 de maio de 2011

DEUS E A CIÊNCIA

Quando Laplace expos ao Napoleão a formação do Sistema Solar, o Imperador perguntou-lhe onde Deus entrava nessa história. O cientista respondeu que não precisara dessa hipótese.
Estou lendo o valioso trabalho sobre Crookes, citado na postagem anterior; ainda não terminei, e voltarei mais vezes ao assunto. Mas, já me ocorreu uma associação com a historinha do Laplace. Crookes cercou-se de cuidados, tentou restringir-se a uma metodologia científica, é criticado até por não levar à sua comunidade científica todos os fenômenos observados selecionando apenas aqueles para os quais apresentava evidência. Pois bem, não conseguiu convencer seus pares nem mesmo da existência, da ocorrência dos fenômenos, quanto mais de suas possíveis causas. Os cientistas encarregados de aprovar a aceitação ou publicação dos artigos pela Royal Society, apesar do respeito que tinham pelo colega, recusaram-se mesmo a comparecer às suas sessões e observar de perto seus experimentos. E o mesmo ocorreu com outras agremiações científicas, e tem ocorrido até hoje nos centros de pesquisas do mundo todo: tal como Laplace não precisou da hipótese teísta, a ciência tem dispensado reiteradamente a hipótese espírita. Tem passado batido. E daí? Ela tem feito falta? Passaram-se duzentos anos da entrevista com Napoleão, mais de cem das recusas à observação do fenômeno psi, e, nesse tempo todo a ciência conseguiu realizações estupendas no campo das telecomunicações, dos transportes -- levando-nos a voar pela atmosfera, pela estratosfera e o cosmo --, no campo da medicina, do lazer, enfim, do micro e do macrocosmo e, sem levar em consideração a hipótese espírita.
Quem precisa da hipótese espírita é a religião. Esta sim, se extingue se não escorar-se na hipotese teísta, e pode resvalar para o esgotamento ou para o fanatismo se não levar em consideração a hipótese espírita.
Mais uma vez acredito na seleção natural das idéias referida em postagens anteriores. O espiritismo terá o seu lugar na ciência quando a ciência precisar da hipótese espírita. E o espiritismo deixará de ser religião apenas quando a religião desnecessitar da hipótese espírita, ou nós desnecessitarmos da religião.

2 comentários:

  1. João:

    Como sempre seu texto é objetivo e muitíssimo feliz! Parabéns pela lucidez e honestidade intelectual. Grande abraço!

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  2. Olá Augusto,
    Obrigado pelo estímulo de suas observações construtivas e úteis.
    Aproveito para sugerir aos meus eventuais leitores a visita ao seu blog, Mansões, onde encontro sempre a expressão da razão moderada pela mais fina sensibilidade. É assim que me parece.

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