terça-feira, 11 de agosto de 2009

MAIS ALGUMA COISA SOBRE IDENTIDADE

"O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações. Pode-se defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal." (Kardec, "O que é o Espiritismo").

Existe diferença entre ciência de observação e doutrina filosófica.
A nomenclatura, uma prática que, seja de forma natural, cultural ou intencional, procura dar às coisas o nome adequado visando sua compreensão pelo universo dos falantes, costuma associar à primeira o sufixo -logia, e à segunda o sufixo -ismo. Kardec, usando sua auto-atribuição de nominar e definir o que seja espiritismo, diz que ele é, ao mesmo tempo, as duas coisas (ciência e doutrina), para, logo a seguir, dizer que é apenas uma das coisas (ciência). Ao nominá-lo, porém, deixou clara sua preferência por doutrina, associando-o ao sufixo -ismo. Pelo menos, não me lembro, no momento, de nenhuma ciência terminada em -ismo. Já doutrina, escola, teoria, movimento, ação, prática ou condição, sim. Mas eu penso que a acepção mais nobre e ampla que pode atingir o sufixo -ismo seja a de mundividência. Taí: quando alguém perguntar "o que é o espiritismo", ao invés de ficarmos tartamudeando se é ciência ou religião, digamos logo que é uma visão e vivência do mundo que enfatiza o espírito. E, não adianta recaírmos no argumento de autoridade escavando citações na kardequiana. Primeiro, porque ele não se decidiu em definitivo, pendendo ora prá um lado ora prá outro, deixando textos que alimentam as duas posições. Segundo, porque ao lermos Kardec não podemos nos desnudar do conhecimento e influência que temos de Freud, Marx, Einsten, Popper, Adorno e tantos outros, assim como, esquecer toda a brutalidade e violência de que fomos capazes no século XX. Caso contrário, é melhor invocar logo o Wells, entrar em sua máquina do tempo, e ir viver feliz no século XIX.

Nenhum comentário:

Postar um comentário