Conforme prometido, de vez em quando "posto" aqui, a título de curiosidade, a tradução de alguns trechos do relatório do Congresso Espírita Internacional de Barcelona, 1888. Agora,vamos colocar as afirmações e conclusões.
Atendendo pedidos, principalmente de correspondentes (ou seja, os que não estando presente, assim se faziam por cartas), os organizadores resolveram elaborar dois textos conclusivos: um pelos espanhóis; outro pelos franco-belga-italianos. Talvez tenha sido uma estratégia para contornar a famosa teimosia espanhola que, por certo, impediria uma redação definitiva. (Brincadeirinha, claro!).
A comissão franco-belga-italiana era constituída por Pierre-Gaëtan Leymarie (França), Efisio Ungher e Ercole Chiaia (Itália), José Nicolau Bartomeu (Cuba!).
A espanhola: Joaquin Huelbes Temprado, Manoel Sanz y Benito, Miguel Vives e Juan Chinchilla (Espanha), Eulogio Prieto (Cuba!), Pedro Fortoult Hurtado (Venezuela).
Por unanimidade, as seguintes conclusões da "escola espanhola" foram adotadas:
"O primeiro Congresso Espírita Internacional afirma e proclama a existência e potencialidade do Espiritismo, integral e progressiva.
"Seus fundamentos são: - A existência de Deus. - A infinidade dos mundos habitados. - A pre-existência e a persistência do Espiritismo. - A demonstração experimental da sobrevivência da alma humana através da comunicação mediúnica com os espíritos. - A infinidade de fases durante a vida infinita de cada ser. - Recompensas e penas como consequencias naturais dos atos. - O progresso infinito. - A comunhão universal dos seres. - A solidariedade.
"O caráter atual do Espiritismo se formula assim:
1o. Ele forma uma ciência positiva e experimental;
2o. Ele é a forma contemporânea da reparação;
3o. Ele consagra uma etapa importante do progresso humano;
4o. Ele dá solução aos problemas mais profundos, morais e sociais;
5o. Ele realça a razão e o sentimento, e satisfaz a consciência;
6o. Ele não impõe crença alguma, apenas convida ao estudo;
7o. Ele realiza uma grande aspiração, que é consequencia de uma necessidade histórica.
"Consequente com os princípios enunciados, o Congresso entende que toda Sociedade e todo adepto, deve, pelos meios legais à sua disposição, prestar apoio e colaboração às individualidades ou coletividades que se ocupam de civilizar os homens; assim, o Congresso aconselha:
A. O estudo completo da doutrina espírita.
B. Sua propagação incessante por todo meio lícito.
C. Sua realização constante pela prática das virtudes públicas e privadas.
"Para obter tal resultado o Congresso entende que cada Sociedade e cada adepto espírita deve encarar todo homem de boa vontade como um irmão durante a luta da vida, o combate contra o vício, o erro e o sofrimento. Para isso, aconselha:
D. O respeito a todos os investigadores, a todos os propagadores de verdades, mesmo se eles não forem espíritas.
E. O esforço constante no sentido de laicizar a sociedade em todas as esferas da vida;
F. Procurar obter a liberdade absoluta de pensamento, de ensinamento integral para os dois sexos, de cosmopolitismo abraçando todas as relações sociais;
G. A federação autônoma de todos os espíritas, todo adepto pertencendo a uma sociedade constituída, cada sociedade devendo manter relações constantes com o centro de sua localidade, todo centro local com o centro nacional, e cada centro nacional com os de outras nacionalidades.
"Enfim, o Congresso nota que não é conveniente aceitar sem exame as doutrinas de uma individualidade ou de uma sociedade que não queira admitir tais conselhos.
"È preciso ainda remarcar que Allan Kardec demonstra em suas obras o perigo da crença excessiva nas comunicações mediúnicas, e que é preciso, diz ele, submeter ao cadinho da razão e da lógica, uma vez que o simples fato da morte não confere progresso.
Barcelona, 15 de setembro de 1888".
Pretendo postar em breve as afirmações e conclusões dos delegados franceses, belgas, italianos, e aquele cubano perdido no meio deles.
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