Refiro-me a um encontro pessoal entre eles.
Encontro ideológico até existe e seria passível de uma discussão interminável.
No meu tempo de mocidade, lá por 1970, alguém aventou a possibilidade de Marx ser o Sr. M..., referido por Kardec em um texto publicado em Obras Póstumas, com o título de "Primeira revelação da minha missão", e relativo a uma sessão na casa do Sr. Roustan, sendo médium a Srta Japhet, em 30 de abril de 1856, realimentado em uma sessão de 12 de maio do mesmo ano, desta vez na casa do Sr. Baudin. Vão na prateleira buscar o livro, abram na página 277 da edição FEB, e acompanhem o que digo.
Depois de uma breve pesquisa concluímos, na mocidade, que não havia evidências históricas; ao contrário, havia sim muitos indícios da impossibilidade do encontro; e não se falou mais nisso.
Agora, vi no youtube um vídeo de certo cidadão afirmando categoricamente tal encontro, e ainda jactando-se de ser o primeiro a encontrar as evidências "lá em Paris" e revelar tal novidade ao povo brasileiro. Como decepcionante confirmação, apenas cita o que o Leymarie publicou nas Obras Póstumas em 1890, conhecido de nossa gente desde que o Guillon Ribeiro as traduziu há muitas décadas.
Vamos aos fatos históricos. Em 1856 Marx morava em Londres, tinha enormes dificuldades para manter-se, a si e a à família, o fazia com a ajuda de seu amigo Engels e com bicos a jornais, além de sofrer enormemente com a saúde abalada, o que dificultaria qualquer viagem, ainda mais para o outro lado do canal. Ele havia sido expulso de Paris em 1845; foi viver em Bruxelas, na Bélgica, de onde foi expulso em 1848; voltando à Alemanha de onde foi expulso em 1849; tentou voltar a Paris mas o governo francês o impediu de fixar-se ali; então, no mesmo ano, com a ajuda de amigos, rumou para o exílio definitivo em Londres. Era, a esta altura, já um lider comunista bastante conhecido, não passaria, portanto, incógnito em Paris em 1856, onde poderia ser até preso pela ditadura de Napoleão III.
Vejamos alguns traços do perfil do Sr. M..., traçados por Kardec:. "O Sr. M..., que assistia àquela reunião, era um moço de opiniões radicalíssimas, envolvido nos negócios políticos e obrigado a não se colocar em evidência. Acreditando que se tratava de uma próxima subversão, aprestou-se a tomar parte nela e a combinar planos de reforma. Era, aliás, homem brando e inofensivo". Alguma coisa até poderia bater com Marx; mas nunca o "homem brando e inofensivo". Muito menos seria ele alguém que precisasse de conversa com espíritos para "acreditar em alguma subversão e aprestar-se a tomar parte". Àquela altura, ele e Engels já haviam lançado o manifesto comunista e fundado a Liga dos Comunistas; portanto, eles faziam as subversões, não apenas "tomavam parte nelas". Prá completar, na sessão do dia 12 de maio, o próprio Espírito Verdade teria dito sobre o Sr. M...: "Muito ruído. Ele tem boas idéias; é homem de ação, mas não é uma cabeça". Marx, por seu lado, era a principal cabeça do socialismo científico que, naquela época e em quase todas as instâncias, substituía o socialismo utópico dos quais muitos adeptos integravam a equipe de Kardec.
Pode até ser que o moço do youtube tenha razão. Eu não creio; só vejo nisso o nosso afoito pesquisador criando uma história a partir de uma simples inicial.
Encontro ideológico até existe e seria passível de uma discussão interminável.
No meu tempo de mocidade, lá por 1970, alguém aventou a possibilidade de Marx ser o Sr. M..., referido por Kardec em um texto publicado em Obras Póstumas, com o título de "Primeira revelação da minha missão", e relativo a uma sessão na casa do Sr. Roustan, sendo médium a Srta Japhet, em 30 de abril de 1856, realimentado em uma sessão de 12 de maio do mesmo ano, desta vez na casa do Sr. Baudin. Vão na prateleira buscar o livro, abram na página 277 da edição FEB, e acompanhem o que digo.
Depois de uma breve pesquisa concluímos, na mocidade, que não havia evidências históricas; ao contrário, havia sim muitos indícios da impossibilidade do encontro; e não se falou mais nisso.
Agora, vi no youtube um vídeo de certo cidadão afirmando categoricamente tal encontro, e ainda jactando-se de ser o primeiro a encontrar as evidências "lá em Paris" e revelar tal novidade ao povo brasileiro. Como decepcionante confirmação, apenas cita o que o Leymarie publicou nas Obras Póstumas em 1890, conhecido de nossa gente desde que o Guillon Ribeiro as traduziu há muitas décadas.
Vamos aos fatos históricos. Em 1856 Marx morava em Londres, tinha enormes dificuldades para manter-se, a si e a à família, o fazia com a ajuda de seu amigo Engels e com bicos a jornais, além de sofrer enormemente com a saúde abalada, o que dificultaria qualquer viagem, ainda mais para o outro lado do canal. Ele havia sido expulso de Paris em 1845; foi viver em Bruxelas, na Bélgica, de onde foi expulso em 1848; voltando à Alemanha de onde foi expulso em 1849; tentou voltar a Paris mas o governo francês o impediu de fixar-se ali; então, no mesmo ano, com a ajuda de amigos, rumou para o exílio definitivo em Londres. Era, a esta altura, já um lider comunista bastante conhecido, não passaria, portanto, incógnito em Paris em 1856, onde poderia ser até preso pela ditadura de Napoleão III.
Vejamos alguns traços do perfil do Sr. M..., traçados por Kardec:. "O Sr. M..., que assistia àquela reunião, era um moço de opiniões radicalíssimas, envolvido nos negócios políticos e obrigado a não se colocar em evidência. Acreditando que se tratava de uma próxima subversão, aprestou-se a tomar parte nela e a combinar planos de reforma. Era, aliás, homem brando e inofensivo". Alguma coisa até poderia bater com Marx; mas nunca o "homem brando e inofensivo". Muito menos seria ele alguém que precisasse de conversa com espíritos para "acreditar em alguma subversão e aprestar-se a tomar parte". Àquela altura, ele e Engels já haviam lançado o manifesto comunista e fundado a Liga dos Comunistas; portanto, eles faziam as subversões, não apenas "tomavam parte nelas". Prá completar, na sessão do dia 12 de maio, o próprio Espírito Verdade teria dito sobre o Sr. M...: "Muito ruído. Ele tem boas idéias; é homem de ação, mas não é uma cabeça". Marx, por seu lado, era a principal cabeça do socialismo científico que, naquela época e em quase todas as instâncias, substituía o socialismo utópico dos quais muitos adeptos integravam a equipe de Kardec.
Pode até ser que o moço do youtube tenha razão. Eu não creio; só vejo nisso o nosso afoito pesquisador criando uma história a partir de uma simples inicial.