terça-feira, 12 de abril de 2011

DO MÉTODO - III

A ABORDAGEM

O objeto da Ciência Espírita é o Espírito. E o Espírito, como individualidade independente e sobrevivente ao corpo ainda não foi encontrado pela Ciência. Os espíritas, sem sua maioria, são teóricos. E, dentre esses teóricos, alguns conhecem o Espírito apenas pela "Codificação" Kardequiana; outros, um pouco mais atualizados, o conhecem também pelos relatos envelhecidos de pesquisas realizadas por diversos sábios no final do distante século XIX, e no começo do não menos distante século XX. Os esforços para tentar convencer a ciência moderna da existência do Espírito servindo-se da "Codificação" equivalem a esforços para que subordinassem suas teorias e pesquisas à Bíblia ou ao Alcorão. E a insistência em pesquisas metapsíquicas que não foram totalmente aceitas nem no seu próprio tempo soa ridícula. Assim, o principal trabalho da Ciência Espírita continua sendo, ainda, a comprovação da existência do seu objeto: o Espírito.
E o principal instrumento para a verificação da existência do Espírito, bem como o estudo de suas relações com os homens, sua origem, natureza e destino, é a mediunidade.
A partir daí, os candidatos a "cientistas espíritas" deveriam desenvolver um método, aplicável em qualquer lugar, que identificasse e desenvolvesse potenciais médiuns, matéria prima de pesquisas posteriores. Uma espécie de COEM, só que liberado de suas atribuições moralizadoras, evangélicas ou religiosas. Estabeleceriam protocolos que permitissem definir com um razoável grau de certeza os limites entre o fenômeno mediúnico propriamente dito e as manifestações do inconsciente do médium, também conhecidas como "fenômenos anímicos". Também poderiam chegar a parâmetros que permitissem com suficiente segurança a identificação dos espíritos comunicantes.
Uma outra vertente da metodologia de pesquisa da Ciência Espírita seria orientada para a comprovação ou não da reencarnação. Aqui, para não ficarem à mercê do aparecimento natural de "casos sugestivos de reencarnação", que ofereceriam uma pesquisa pouco mais que jornalística, os candidatos a "cientistas espíritas" poderiam utilizar da hipnose, ou do simples relaxamento, para provocarem regressão de memória que gerasse dados que pudessem ser tabulados e conferidos. É evidente que as regressões pitorescas, que levassem aos napoleões ou akenatões seriam desprezadas, em prol daquelas que remetessem a vidas triviais, passíveis, porém, de comprovação ou refutação. Outros recursos, tais como a datiloscopia (Fiorini) ou a grafologia, seriam também agregados.

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