terça-feira, 5 de abril de 2011

É POSSÍVEL CRITICAR O CUEE?

No surgimento do Espiritismo, ou seja, na publicação do primeiro Livro dos Espíritos, em 1857, o método que Kardec consagraria como Controle Universal do Ensino dos Espíritos não foi aplicado. Kardec recebeu de Vitorien Sardou cinquenta cadernos de anotações do diálogo com os espíritos mantido através da médiunidade de duas jovens. Organizou-os de acordo com seus próprios critérios, e complementou-os com perguntas endereçadas aos Espíritos através da mediunidade dessas mesmas jovens e mais uma outra. A partir dessa publicação surgiu propriamente um movimento espírita. Diversos grupos mediúnicos que já existiam, e outros que se formaram motivados pela publicação do livro, passaram a funcionar em contato e buscando sintonia com o grupo de Paris, liderado por Kardec; principalmente após a criação, em janeiro de 1858, da Revista Espírita. A correspondência que ele passou a manter com esses grupos (a certa altura, "mais de mil", segundo ele mesmo) permitiram-lhe encetar um "controle universal" das mensagens que subisidiariam, a partir de então, não só a edição definitiva do Livro dos Espíritos, como também as demais obras que ele publicou, e que têm sido consideradas fundamentais para a construção da doutrina espírita.
Não sobraram anotações ou quaisquer outros elementos históricos que nos permitam compreender exatamente como ele exercia esse "controle universal". Mas, sempre, era ele quem o exercia. O próprio método científico, elaborado ao longo de séculos por inúmeras mentes, é considerado, em última e sincera análise, uma manifestação de subjetividade. Trata-se de um critério estabelecido pelo sujeito para compreender o objeto. Portanto, um objeto que extrapole tais critérios não será detetado pelo método, ou o será de forma deturpada. Imagine-se, então, um método elaborado e aplicado por um único sujeito. Sim, porque os demais apenas o alimentavam de informações, no caso, os ensinamentos dos Espíritos. Daí a necessidade de uma crítica isenta de paixões e fanatismos ao "controle universal do ensino dos espíritos" que teria subsidiado a "Codificação".

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