Não é fácil definirmos uma seita.
Respeitáveis religiões constituídas, associadas a governos ou a impérios universitários, foram, em sua origem, seitas.
No final do milênio, quando algumas dessas coisas assustaram o mundo com pactos suicidas e loucuras do gênero, houve uma mobilização da ONU e de governos, preocupados em protegerem a sociedade e o indivíduo. Esbarraram nessas dificuldades.
Afinal, como o constataram os deputados franceses que, em 1995, se debruçaram sobre o assunto, não é fácil distinguir, seja pelos estudiosos ou pelos próprios adeptos:
- a livre associação - do grupo coercitivo;
- a convicção - da certeza essencial;
- o engajamento - do fanatismo;
- o prestígio do líder - do culto ao guru;
- as decisões voluntárias - das escolhas completamente induzidas;
- a integração leal a um grupo - da fidelidade incondicional;
- a hábil persuasão - da manipulação programada;
- o discurso motivador - da lavagem cerebral;
- o espírito de equipe - da fusão do grupo.
Se nos socorrermos na filosofia, vamos encontrar em Lalande uma definição sintética de "secte", semelhante ao conceito hoje generalizado: um grupo de pessoas que aderem estritamente a uma doutrina bem definida, e cuja adesão provoca uma forte união entre elas, ao mesmo tempo que as separa dos outros espíritos.
Os espíritas tendem a definir com inusitado rigor o rol de suas crenças. Fixam-se em posições cientificas, laicas, religiosas, agnósticas, teístas, deístas, cristãs, ecléticas, ortodoxas; e uma série de outras derivadas das inúmeras combinações possíveis entre estas.
Infensos ao diálogo, nas redes sociais temos visto a tendência em se reunirem por tais afinidades, segregando os que apresentam qualquer mínimo desvio da matriz eleita pelo grupo.
Estaremos nos dividindo, nas redes sociais, literalmente falando, em seitas?
Seria bom que verificássemos se não podemos identificar os critérios de Lalande ou as dificuldades dos deputados franceses nos diversos grupos que integramos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário