domingo, 15 de abril de 2012

A DECISÃO SOBRE OS ANENCÉFALOS À LUZ DO ESPIRITISMO

A recente decisão do Supremo Tribunal Federal, permitindo à mulher, se o quiser, interromper a gestação de um feto anencéfalo, não contraria a Doutrina Espírita.
Ao contrário, a Doutrina Espírita a antecipou como um dos momentos na evolução da humanidade a caminho da regeneração.
De tal forma estavam os ministros sintonizados com a Filosofia Espírita que pareciam, em suas justificativas e votos, verdadeiros médiuns da equipe de Espíritos superiores que coordenaram a Codificação Kardequiana.

No Livro dos Espíritos, cuja primeira versão foi publicada por Allan Kardec em 1857, nas abordagens sobre o aborto, a par de considerá-lo uma transgressão das leis de Deus quando praticado voluntaria e desnecessariamente, é dada uma atenção especial aos natimortos, considerando-os "crianças sem espíritos", conforme podemos constatar pelo diálogo na Questão 356:

"- Existem natimortos que não foram destinados à encarnação de um Espírito?
- Sim, há os que jamais tiveram um Espírito designado para os seus corpos: nada deviam realizar por eles. É, então, somente pelos pais que essa criança veio.
- Um ser dessa natureza pode chegar a termo?
- Sim, algumas vezes, mas não vive.
- Toda criança que sobrevive ao nascimento, necessariamente tem um espírito nela encarnado?
- Que seria sem ele? Não seria um ser humano.
"

A expressão "essa criança veio", é um detalhe nos indicando que eles estão se referindo a uma criança, a um corpo de criança, semelhante a todas as crianças e, não, como poderia alguém supor, a uma massa disforme. Então, podemos ver que, mesmo sem um espírito -- e, consequentemente, sem um perispírito --, os mecanismos da codificação genética são suficientes por si mesmos para gerarem um corpo. (Não vem ao caso, neste artigo, discutirmos a integração entre estes dois fatores -- código genético e perispírito -- na formação do corpo).
Na sequência, Kardec pergunta aos Espíritos se "um ser dessa natureza pode chegar a termo", e estes confirmam, indicando claramente que, por natimorto, apesar do termo, não se entende necessariamente uma criança que tenha morrido "antes" de nascer. Conceituação que coincide com o léxico, como podemos constatar servindo-nos do dicionário mais divulgado da Língua Portuguesa, o popular Aurélio:

"Natimorto, s.m. Aquele que nasceu morto ou que, vindo à luz com sinais de vida logo morreu."

Esta sobrevida deve-se, talvez, a uma energia residual decorrente do próprio metabolismo que o entreteve durante a gestação; ou, olhando-se pelo lado espiritual, ao fluido vital da mãe que retorna ao manancial primitivo.

O Ministro Marco Aurélio Mello, relator do processo de legalização da interrupção da gravidez do feto anencéfalo explicou muito bem, amparado nos pareceres dos especialistas, que se trata de um natimorto: não há ninguém ali para nascer; aquele ser não tem condições de estar no mundo; e nasce morto ou sobrevive apenas algumas horas. Segundo ainda o ministro -- neste caso amparado não apenas nos especialistas, mas também no Ministro da Saúde --, qualquer médico, minimamente preparado, munido de uma ecografia, consegue diagnosticar precocemente o anencéfalo.
O relator, ainda, descreveu o feto anencéfalo; disse o quanto do cérebro deve faltar para que realmente "não tenha ninguém ali" (aspas e expressão minhas), e o quanto são diferentes os casos que podem ser encarados como simples deficiências, as quais permitem ao recém-nascido "estar no mundo", ainda que com limitações.
Os casos apresentados com estardalhaço pelos ativistas contrários à liberação não se enquandram, segundos os professores médicos consultados, em anencefalia.

Portanto, baseado nos pareceres dos doutores médicos especialistas no assunto, referendados pelos Ministros do Supremo, podemos ter a certeza de que o anencéfalo se enquadra naqueles casos em que O Livro dos Espíritos nos diz que não havia espírito reencarnante.

Os espíritos dizem que Deus permite uma gestação inútil, com um natimorto, para provação e expiação dos pais.
Kardec define "provas e expiações" como a suportação das vicissitudes da vida. Diz também que nosso planeta é um mundo de provas e expiações. Mas, diz que não ficaremos eternamente nesta condição. Estamos prestes, segundo ele, a galgar um degrau na escala dos mundos e nos tornarmos um mundo de regeneração; onde seguramente as vicissitudes da vida serão mais brandas.
Entre as vicissitudes que nos serviram de expiação nós já tivemos a peste bubônica, a poliomielite, a varíola, e outras doenças; sem falar das inúmeras gestações frustradas por incompatibilidade sanguinea. Com a descoberta das vacinas, e a detecção prévia de muitos desses males, estas coisas foram afastadas como mecanismos de expiação.
Podemos afirmar, no caso em discussão, que o progresso científico que permitiu a detecção do natimorto ainda no ventre materno, só pode ter sido permitido por Deus (caso contrário, não ocorreria).
Logo, temos forte razão para pensar que, pela vontade de Deus, extinguiu-se na humanidade a provação e expiação através da gestação dos natimortos, tal como foram extintas aquelas outras. Isto porque os homens responderam à altura aos desafios impostos por Deus, inventando os diagnósticos e os tratamentos adequados, e, dessa forma, aproximando cada vez mais nosso planeta da condição de um mundo regenerador.

20 comentários:

  1. 1) Eu disse "qualquer médico com auxílio de uma ecografia"; mas, fica mais correto dizer ultrassonografia.

    2) Para simplificar, preferi o conceito de "natimorto" do léxico (aquele que nasce morto ou, mesmo com sinais de vida, morre logo após). Mas, podemos ficar com o conceito dos especialistas que subsidiaram a decisão: natimorto porque nasceu com morte cerebral (já que nem tinha cérebro). E a morte cerebral tem sido o critério usado universalmente para determinar a morte nos casos de retirada de órgãos para transplante, por exemplo.

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  2. Respeitosamente discordo de seus comentários.

    Primeiro: Uma coisa é um feto que morre por causas naturais dentro do útero, outra é aquele que é assassinado intrauterinamente por métodos químicos ou invasivos. O primeiro até poderia não ter um espírito, mas o que dizer do segundo?

    Segundo: Decidir por um aborto é não confiar na sabedoria da Providência. É total falta de resignação.

    Terceiro: um ser humano tem necessariamente um espírito. Um corpo humano sem um espírito é um cadáver apenas.

    Quarto: Um ser humano com um cérebro defeituoso é menos humano do que com qualquer outro órgão defeituoso? Não é um espírito que veio em expiação? Quanto tempo um espírito precisa viver para uma encarnação ser válida?

    Quinto: O STF no triste dia 15/04/12 abriu um sério precedente para a pena de morte: para o crime de possuir uma deformidade cerebral congênita. E sem direito a julgamento ou a um advogado de defesa.

    Sexto: Como pode alguém garantir que aquele feto não tem um espírito e portanto pode ser destruído? Se não há como ter certeza absoluta invoco a grande máxima do Direito: "em dúvida, pró réu".
    Quanto a sua afirmação de que os juízes foram inspirados mediunicamente não posso discordar. Quanto a superioridade dos Espíritos que os inspiraram não estou tão certo...
    Não acho que a decisão nos deixou mais perto de um mundo de regeneração. Na verdade mostra que ainda vamos ter que trabalhar muito moralmente para merecermos viver em um.
    Portanto, ao contrário, não vejo em que a Doutrina Espírita possa apoiar essa lamentável decisão do STF.

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  3. Matar um ser humano não é a mesma coisa que matar um vírus. A melhora na tecnologia do assassinato intrauterino não significa que é moralmente certo e que, se Deus permitiu que uma arma fosse criada, estará certo usá-la. Não compare os avanços da medicina com o seu mau uso para fins egoístas, como no caso da fuga da expiação pela porta mais cômoda, às custas da vida de outro.

    Num mundo de regeneração não haverá anencéfalos, pois estes existem apenas em mundos de expiações e provas. Não é assassinando-os ainda no útero que nos transformaremos para merecer viver num mundo melhor.

    Luis Antonio Ferreira (desculpe haver postado este e o anterior como anônimo, foi a única maneira que consegui para postar)

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  4. Existe uma anomalia congênita chamada hipoplasia dos pulmões (pulmões muito pouco desenvolvidos). É totalmente incompatível com a vida e o concepto não vive tanto quanto um anencéfalo, após o nascimento. Ele não tem espírito? Seria certo abortá-lo?
    Este caso é diferente de um feto anencefálico?
    O feto mau formado não é uma doença da mãe que a medicina poderá tratar precocemente, eliminando-o. É um espirito que está para reencarnar numa vida de redenção. Matá-lo é tirar-lhe esta chance. É fugir a responsabilidade para com aquele irmão que nos pede socorro para chegar nesse mundo. Como o Espiritismo poderia aceitar isso? NUNCA!

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  5. Agradeço a atenção que dispensaram às minhas opiniões. Mais ainda agradeço os comentários enriquecedores, como o do Luis Antonio Ferreira.
    Como este debate estendeu-se pelo Facebook, Grupo Espiritismo-Estudos Avançados, gostaria de lançar também aqui, algumas considerações que me ocorreram lá.

    Os Espíritos nos dizem, na questão 356 do LE, que há gestação de crianças sem espírito. Acrescentam que essas crianças são natimortas. Agora nos apresentam um natimorto por deficiência cardíaca; outro natimorto por deficiência respiratória; outro por ausência de corpo; outro por ausência de cérebro. Qual deles é a "criança sem espírito"?

    Os espíritos disseram que, em alguns casos, o natimorto não tem espírito.
    A ciência identificou esses casos.
    A justiça decidiu que, nesses casos, a mulher é livre para interromper ou não a gestação.

    Como bem disse o (...), podem existir outros casos de natimortos (além da anencefalia) nos quais também não haja espírito.
    Se um dia a ciência conseguir identificá-los, por certo a justiça estenderá a liberação. Mas, eu penso que o único caso de geração de "crianças sem espírito", seja a anencefalia.

    (...) disse tudo. Podemos ser contra a interrupção de gestação de anencéfalo, podemos até aconselhar uma vítima a suportar a barra; não podemos é obrigar a isto quem não partilha de nossas crenças.
    Seria impor nossas crenças aos outros. Estaríamos autorizando os Testemunhas de Jeová a tentarem proibir que façamos transfusão de sangue em nossos filhos quando necessário.

    E, em resposta ao argumento de que nos compete proteger a mulher da "ignorância das leis divinas": Na elaboração das leis que regem o comportamento de toda a sociedade há necessidade de aplicarmos a empatia: para um Testemunha de Jeová, você e eu somos ignorantes.

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  6. E, mais este:

    Pela Questão 359, acima transcrita pelo (...)
    , vemos o quanto os ministros do STF estavam inspirados. A gravidez de anencéfalo tem provocado intensa depressão nas mães. A depressão é uma doença grave, que pode levar à morte, ou causar pesados prejuízos à vida futura do doente. Então, "é preferível se sacrifique o ser que ainda não existe" (e, neste caso, sabemos, nunca existirá), "a sacrificar-se o que já existe".
    À luz dos ensinamentos espíritas, praticar tamanha violência contra a mulher, obrigando-a a levar a termo uma gestação de tal risco, seria verdadeiramente um crime.
    Sob este prisma, o princípio "in dubio pro reo", se aplicaria em benefício da mulher.

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    1. Ser cristão nunca foi fácil...amar é uma lição ainda muito difícil para nós...sacrifício e renúncia são virtudes que ainda vamos aprender, e aí sim seremos realmente felizes.

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    2. Ode ao sofrimento...

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  7. 356-Toda criança que sobrevive ao nascimento, necessariamente tem um espírito nela encarnado?
    - Que seria sem ele? Não seria um ser humano."
    357- Quais são, para o Espírito, as consequências do aborto?
    "É uma existência nula que terá que recomeçar."
    358-Constitui um crime o aborto voluntário, qualquer que seja a época da concepção?

    "Há sempre crime, quando transgredis a lei de Deus. A mãe ou qualquer outra pessoa, cometerá sempre um crime, tirando a vida de uma criança antes do seu nascimento, pois impede a alma de experimentar as provas de que o corpo deveria ser instrumento."
    360- Será racional ter para com o feto as mesmas atenções que se dispensam ao corpo de uma criança que tivesse vivido?
    "Em tudo isto, vede a vontade de Deus e sua obra; não trateis, portanto, levianamente, as coisas que deveis respeitar. Por que não respeitar as obras da criação, que estão incompletas, algumas vezes pela vontade do Criador? Isto faz parte dos seus desígnios que a ninguém cabe julgar."

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  8. Lembre-se que quando o Livro dos Espíritos foi escrito não havia ultra-sonografia. O diagnóstico das deformidades congênitas ocorria após o parto, quando a gestação já estava consumada. O aborto eugênico de hoje seria o equivalente a matar um recém nascido deformado no século 18.
    Já que acredita não ter o anencéfalo um espírito, concordaria em matar um deles após nascer? Faz diferença matá-lo fora ou dentro do útero? Afinal ele não é humano?


    O ultra-som não é capaz e nunca será capaz de verificar se há ou não um espírito no feto.

    A ciência é materialista.
    A suposição de que o anencéfalo não tem espírito é puramente pessoal. O Livro dos Espíritos em momento algum afirma que devemos abortar um concepto mal formado.

    Os adeptos da seita Testemunhas de Jeová agem coerentemente às suas crenças. Nós espíritas não deveríamos fazer o mesmo?

    Deus não nos dá uma prova se não temos a capacidade de suportá-la. Se a depressão da mãe for motivo para justificar um aborto, o mesmo valeria para os abortos de fetos perfeitos indesejados. Quando falei em dúvida pró réu, referi-me ao feto que estará sendo condenado a morte, não a mãe que opta pelo caminho mais cômodo do ponto de vista materialista.

    Luis Antonio

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    1. Fui além da conta. Quem sou eu (logo eu!) para julgar o grau de comprometimento com a crença de quem quer que seja. Às vezes o lobo escondido sob minha pele de cordeiro salta e morde alguém (e a mim também...).
      Perdoe-me por meu imenso orgulho. Vou tentar ser mais moderado.

      Luis Antonio

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  9. Mais algumas conjecturas surgidas os debates no facebook:


    Contrariando a farta manifestação da ciência, principalmente dos órgãos representativos da área da saúde, a maioria dos espíritas têm se apegado à idéia de que o anencéfalo tem vida. Não adiantam, para quem assim se aferrou a pensar, os argumentos dos especialistas, tornados pareceres juridicos no STF, de que o "anencéfalo é incompatível com a vida".
    Pois bem, o (...) lembrou muito bem que o tumor cancerígeno também "tem vida"; afinal, ele é formado por células vivas; alias, bem vivas, pois lutam tanto pela vida que podem matar o hospedeiro. Porém, são células que vivem porque alimentadas pelo hospedeiro; e, nem precisamos lembrar, prejudicam o hospedeiro.
    Um feto anencéfalo só vive por que alimentado pelo hospedeiro; tanto é que morre assim que cessa essa relação de sustentação. E, os pareceres dos organismos científicos oficiais são unânimes, causam prejuízos (e, podem causar até a morte) do hospedeiro.
    Eu ouso, então (e seguindo o estilo dramático que tem norteado as argumentações aqui) dizer que, obrigar alguém, contra a sua vontade, a alimentar um feto anencéfalo no útero, equivale a obrigar a alguém a manter o tumor cancerígeno, já que "nada acontece por acaso", e Deus deve ter alguma razão para enviar o tumor cancerígeno para a pessoa, e, ainda, "devemos pensar na imensidão da eternidade em que vivemos" onde, certamente, o sofrimento da vítima do câncer vai servir à sua evolução.

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  10. Baseado nos seus argumentos de que o anencéfalo não sobreviverá após o parto e isso justifica que não se invista mais nele, acredito que também o senhor seja a favor da eutanásia.

    Toda gravidez implica em algum grau de risco. Uma gestação indesejada por qualquer motivo poderá levar a depressão, mesmo de fetos perfeitos. Se a falta de resignação da mãe em levar adiante uma gravidez indesejada(seja por qual motivo for)a leva a uma depressão e o senhor acha que o aborto seria a solução para esse problema, portanto o senhor também deve ser também a favor do aborto como opção para qualquer gravidez indesejada.

    Posso respeitar suas opiniões em ser a favor do aborto ou da eutanásia. Mas procurar no Livro dos Espíritos, selecionando de forma distorcida apenas os tópicos que o "apoiariam", (ignorando os demais que o contradizem) eu acho uma falta de respeito com a doutrina espírita. Tenha as suas idéias, mas não distorça as palavras dos Espíritos para embasar seus argumentos com idéias que a doutrina repugna.

    Leia as respostas das questões 356, 357, 358 e 360 do Livro dos Espíritos e reflita.

    Quanto aos argumentos dos especialistas, leia o texto da Médica Marlene Nobre (presidente das associações médico espírita do Brasil e Internacional). Leia a Mensagem psicografada do Divaldo Franco por sua mentora Joanna de Ângelis.
    Ou os especialistas espíritas para o senhor não contam? Apenas aqueles que o Supremo Tribunal Funeral selecionou naquele jogo eterno de cartas marcadas daqueles ministros (vide as últimas notícias largamente publicadas na mídia)?

    Portanto discordo totalmente de sua afirmação que o Livro dos Espíritos embasa a teoria de que o anencéfalo não tem espírito. Mesmo que não tivesse um espírito (o que não acredito), o referido livro da codificação é totalmente contra o aborto em qualquer circunstância (exceto pelo risco de vida para a gestante) como pode ser visto nos parágrafos 256, 257, 258 e 260 (veja acima e reflita).
    Quanto a depressão, sempre foi um mal sofrido pela humanidade, quando caminhamos por vias equivocadas. Justificar por aí é abrir um sério precedente para justificar o aborto como opção para uma gravidez indesejada. A depressão de uma gravidez de um anencéfalo é mais perigosa do que a depressão de uma gravidez inconveniente por qualquer outro motivo?
    No Evangelho segundo o Espiritismo está escrito: "o desânimo é uma falta."
    Deus equivocou-se ao criar um feto anencefálico? O criou para que sua mãe tivesse que abortá-lo?
    Por favor, não compare mais o anencéfalo com o vírus da varíola ou ao câncer.
    Um ser humano em estado fetal não é uma doença, por mais inconveniente que ele possa ser. Termos armas para matar um ser humano que nos coloca em uma prova não faz com que essa decisão seja a mais acertada.
    Um filho enviado por Deus para ajudarmos não é um cancer resultado de más ações no passado.
    Um filho é um filho, não importa que esteja saudável ou portar uma doença que o vai matar.
    Não abandonamos nossos filhos porque estão em coma (pois este é o estado do anencefálico)e que vão morrer inevitavelmente. Nós os protegemos e o nutrimos enquanto a Providência desejar que eles fiquem conosco.
    Lamento e discordo de suas idéias a respeito do aborto eugênico e da eutanásia, mas respeito.
    Só não aceito é a perniciosa impressão que o senhor tenta passar para os leigos de que elas encontram eco na doutrina espirita.

    Luis Antonio

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  11. Luis Antonio,
    Agradeço novamente sua participação no diálogo, e respeito sua opinião, tanto é que a preservarei aqui estampada, para que os leitores exerçam sua liberdade de aferição e conclusão.
    Peço desculpas por não poder atendê-lo em seu pedido para que eu deixe de amparar-me no Livro dos Espíritos. Afinal, como dizia o Chico Xavier, sempre acabamos por chegar num ponto em que impera a convicção íntima. Tendo lido o Livro dos Espíritos desde a infância, e continuando sua leitura (e releitura, quando preciso) no atual momento da história da sociedade brasileira, guardo a convicção íntima de que o feto anencéfalo é "a criança sem espírito" referida pelos autores espirituais, por todas as razões já expostas por mim e por outros comentadores do Grupo referido e aqui transcritos. Assim, não se trata, no caso presente, de aborto propriamente dito.
    Por outro lado, independentemente de decisões pessoais minhas quanto à aceitação resignada de vicissitudes que a vida me apresente, estou convicto de que não tenho o menor direito de exigir que outras pessoas façam quaisquer sacrifícios ou se dêem em holocausto trocando seu sofrimento por situações confortáveis em eventuais colônicas espirituais, ou para expiar culpas que ainda não aceitaram. Portanto, continuo defendendo que a lei dos homens não deve impor crenças de uns aos outros, liberando, portanto, cada um para que haja de acordo com sua consciência.
    Quanto aos autores por você citados, e que embasam sua opinião, ao lado de defender enfaticamente seu direito de neles crer, não abdico do meu de recusar-lhes a razão, como já o fiz em outros assuntos, sem prejuízo daqueles momentos em que tenha com eles concordado.
    Um grande abraço e meus votos de iluminação e progresso.

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  12. Ah... ia me esquecendo de mais uma coisa.
    Não acuse de falta de respeito as pessoas que têm opiniões diferentes das suas. É muito feio.
    Você não é dono da verdade, nem do Livro dos Espíritos, e não tem procuração de Kardec ou dos Espíritos para cobrar indevidamente respeito.
    Senão, você estará justificando a imensa maioria dos cristãos que, não sendo donos dos Evangelhos, nem tendo procuração de Jesus, acusam indevidamente Kardec de falta de respeito e de distorcer (segundo eles; como no meu caso, segundo você) as Escrituras para dizer que o Espiritismo é o Consolador prometido e que Jesus prega a reencarnação quando se refere a nascer de novo da água e do espírito.
    Só os ditadores, e os que se lhes assemelham em espírito, consideram falta de respeito a opinião discordante.

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  13. olá boa noite, depois de ler o debate ferrenho dos dois colegas tenho o dever de deixar meu relato aqui:
    primeiro: quando os espiritos dizem no livro dos espiritos que o feto não possui espirito, não fala que é um anencefalo, para que um feto não possua espirito ele precisa estar deformado ao ponto de não se parecer nada com um ser humano, e ter todos os outros orgãos sem funcionar por completo! e quando existe um feto sem orgãos funcinando por completo (todos os orgãos)siginifica q ele esta morto e ai sim poderá ser retirado para que a mãe não venha ter obto!
    segundo: como pode comparar que um feto anencefalo com um tumor maligno ou benigno em um ser humano?!?!?!?!? meu deus isso quer dizer que muitos casos de fetos que sobreviram ate anos são ou foram tumores que andaram, sorrindo, respirando e tendo o coração batendo por ai???????? não consigo acreditar nessa comparação! sinceramente o importante nesse mundo não é defender a doutrina e sim defender O AMOR,A CARIDADE, DEFENDER A VIDA!!!!!!! PQ SÓ NA TERRA,SOMENTE REENCARNANDO E AMANDO A CADA SER HUMANO, ANIMAL, MINERAL, VEGETAL, E ATE MESMO UM ESPIRITO QUE AINDA NEM VEIO QUE PRECISAR DESSE TEMPO NA VIDA INTERUTERINA

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  14. temos ter muito cuidado, sinceramente com as opniões sobre assuntos polemicos na terra, pois estamos pegando essa responsabilidade para si.
    vc esta formando opniões divulgando esses assuntos na internet e será que a divulgação dessas palavras são as corretas, como vc mesmo disse com o colega luiz ele não é o dono da verdade e vc seria?????
    então pense bem, pq as teclas são na internet a boca,na vida e palavras proferidas não voltam atras, e elas podem obter resultados um dia, bons ou ruins. quando é bom, levante as mãos pros ceus, agora quando é ruim ai não tem outro jeito do q ser chamado pra responsabilidade. nós espiritas temos uma responsabilidade MUITO grande na terra e temos q ter o cuidado triplicado, com as palavras e principalmente as atitudes. pense bem e com cuidado

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  15. Olá, muito obrigado pela participação. Em atenção à sua argumentação, vou ensaiar algumas respostas.

    1. ..."para que um feto não possua espirito ele precisa estar deformado ao ponto de não se parecer nada com um ser humano"...
    Também pensava assim, até notar que os Espíritos se referem a "crianças que vêm ao mundo sem espirito".

    2...."muitos casos de fetos que sobreviram ate anos são ou foram tumores que andaram, sorrindo, respirando e tendo o coração batendo por ai????????"
    Segundo os especialistas que subsidiaram o STF isto nunca ocorreu com um anencéfalo. Eles têm uma sobrevida, no máximo, de horas. Casos como anacrania e outros são, ideologicamente, apresentados como de anencéfalos.

    3. ..."luiz ele não é o dono da verdade e vc seria?????"
    Em qual momento eu disse que o era?

    E, finalmente, agradeço suas advertências, porém, se os homens fossem calar suas opiniões com medo das represálias de Deus, viveriam ainda na idade da pedra.

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  16. Bom debate.
    Vezes as paixões nivelam e sedimentam os argumentos.
    Muito do que percebi parte de pré-juízos e de verdades que se impõe. Estaremos aptos a perceber realidades diversas da que fortemente introspectamos?
    Não vejo dificuldades em aceitar as regras traçadas pelo STF, como não vejo em outras regras que existem, como os abortos permitidos.
    Penso que no aborto a infração à regra não se dirige ao espírito reencarnante, mas a uma lei maior (LE - 358).
    Se as consequências para o espírito que inicia o processo encarnatório, diante do aborto, é de uma existência nulificada e que ele terá de recomeçar (LE-357), ainda é possível aprender muito acerca das consequências para os seres envolvidos.
    Decerto que, se não concorrer um espírito, não se pode especular sobre consequências quanto a este.
    Se o espiritismo é uma ciência, todos podem levantar questões acerca do estudo e da possibilidade reencarnatória.
    Em uma interpretação sistêmica do Livro dos Espíritos, creio que é possível refletir sobre a impossibilidade de um corpo vir a ser habitado por espírito se não contém um dos órgãos essenciais para a sobrevivência, como o coração, tal como a ausência de cérebro.
    Um comentário que achei interessante, foi a deformidade do feto ao ponto de não parecer um ser humano. Muitos deformados nascem e sobrevivem. É um ponto de partida e de muitos outros que podem ser corrigidos, reelaborados, repensados, refletidos, mas não engessados e dogmatizados.
    Certamente que Kardec não está errado quando anunciou que a ciência deverá vir a modificar nossa forma de observar o fenômeno espírita.
    Agradeço esse bom momento de reflexão.
    Saudações.

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  17. Ao ter conhecimento de que no Brasil anencéfalos são prováveis candidatos ao aborto, o plano espiritual deixará de programar esse tipo de ocorrências entre nós, encaminhando a outros países, ou a regiões povoadas por pessoas desasistidas ou ignorantes os espíritos que precisem passar por esse tipo de provação. Vários livros ditados mediunicamente ensinam que em planetas mais adiantados os fetos defeituosos são descartados após o nascimento, então esse procedimento é uma evolução para os padrões do planeta terra.

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